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Dólar Supera R$ 5,50: Entenda as Forças por Trás da Alta Histórica em 17 de Dezembro de 2025
Resumo:Dólar sobe a R$ 5,50 com foco no cenário político e inflação nos EUA – a manchete que dominou os noticiários financeiros nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, resume um dia de tensões e movimentos significativos no mercado cambial. A moeda norte-americana não apenas superou a barreira psicológica de R$ 5,50, como caminhou para sua quarta sessão consecutiva de ganhos ante o real, marcando um momento de forte apreciação em meio a um cenário global e doméstico carregado de incertezas.

Publicado em 17/12/2025
Dólar sobe a R$ 5,50 com foco no cenário político e inflação nos EUA – a manchete que dominou os noticiários financeiros nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, resume um dia de tensões e movimentos significativos no mercado cambial. A moeda norte-americana não apenas superou a barreira psicológica de R$ 5,50, como caminhou para sua quarta sessão consecutiva de ganhos ante o real, marcando um momento de forte apreciação em meio a um cenário global e doméstico carregado de incertezas.
O Cenário Externo: A Espera pelo CPI e o Fed no Centro das Atenções
O principal motor da alta do dólar nesta sessão foi, sem dúvida, o cenário internacional, com os olhos do mundo voltados para os Estados Unidos. Os investidores aguardavam com expectativa ansiosa a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) norte-americano, prevista para a quinta-feira (18). Esse dado é considerado uma pista crucial sobre o próximo passo do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, em sua política monetária. Após o Fed ter cortado as taxas de juros conforme esperado na semana anterior, mas sinalizado que os juros provavelmente não cairão mais no curto prazo – projetando apenas mais um corte em 2026 –, o mercado busca confirmações sobre o ritmo da flexibilização. A incerteza foi amplificada por dados fracos de emprego divulgados na véspera, que deixaram analistas em dúvida sobre o impacto real no ciclo de cortes.
Enquanto isso, o dólar fortalecia-se globalmente. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,28%, a 98,491 pontos. A moeda americana registrava ganhos firmes ante a libra esterlina, em meio à expectativa de que o Banco da Inglaterra cortasse seus juros ainda na quinta-feira, reagindo a uma inflação em desaceleração no Reino Unido. O CPI britânico havia caído de 3,6% em outubro para 3,2% em novembro, elevando as apostas de um “presente de Natal” do banco central. Da mesma forma, o dólar também subia ante o euro e o iene, em um movimento generalizado de busca por segurança antes do crucial dado de inflação dos EUA.
Fatores Políticos e os Discursos que Moldam o Mercado
Além dos indicadores econômicos puros, fatores políticos tiveram peso significativo na formação do humor dos investidores. Declarações de autoridades, tanto nos EUA quanto no Brasil, foram monitoradas de perto. Nos Estados Unidos, discursos de dirigentes do Fed estavam na agenda. O diretor Christopher Waller, que disputa a cadeira da presidência do Fed, defendeu em evento na Universidade de Yale que não há problemas em interações entre o banco central e o governo, ressaltando a necessidade de transparência perante o público. Ele mencionou que o presidente Donald Trump “deixou claro” sua opinião sobre o nível atual das taxas de juros, um comentário que sempre tem potencial para causar volatilidade. Trump, por sua vez, faria um discurso fora do país neste dia, em meio a sinais percebidos pelo mercado de maior interferência política nas decisões econômicas.
No front doméstico, a política também exerceu pressão. A divulgação, na véspera, de uma pesquisa eleitoral Genial/Quaest – que indicava vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todos os cenários para as eleições de 2026 – contribuiu para um certo estresse no mercado cambial. Na manhã desta quarta, Lula realizava reunião com ministros na Granja do Torto e, em discurso de abertura, afirmou que 2026 “será o ano da verdade”, conclamando seus ministros e partidos a se definirem. Esse tipo de ruído político, em um período de fluxos cambiais normalmente mais escassos, tende a acentuar movimentos de saída de recursos, pressionando ainda mais o real.
A Dinâmica Doméstica: Copom, Fluxos e a Agenda Fiscal
No Brasil, a cautela foi reforçada pela análise da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na terça-feira (16). O documento reforçou a necessidade de prudência na condução da política monetária, sinalizando que o ciclo de cortes de juros, embora em andamento, será conduzido com extrema cautela. Para Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, essa postura do Copom, somada ao fortalecimento global do dólar, explica a alta da moeda americana ante o real. Gusmão destacou ainda que o fluxo cambial segue marcado por saídas de recursos, um movimento típico do fim do ano, quando empresas realizam remessas para o exterior para fechamento de balanço, além de ajustes técnicos diante da agenda carregada de eventos.
Na madrugada desta quarta, um importante desenvolvimento fiscal ocorreu: a Câmara dos Deputados aprovou, por 310 votos a 85, o projeto que reduz em 10% os benefícios fiscais federais de diversos setores e aumenta a tributação de empresas de apostas online (bets) e fintechs. O texto, que agora segue para o Senado, busca gerar receita para o governo e foi recebido pelo mercado com uma lente fiscal, sendo um fator a mais de observação em um momento de atenção às contas públicas. Outro ponto de destaque foi o dado de inflação doméstico: o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou para 0,14% na segunda prévia de dezembro, após ter subido 0,32% na leitura equivalente de novembro, um sinal positivo, mas que ainda não foi suficiente para contrapor as forças de alta do dólar.
Cotações e Desempenho do Dia: A Barreira dos R$ 5,50 é Rompida
O movimento de alta foi consistente ao longo da sessão. Às 10h43, o dólar à vista já operava com uma alta de 0,88%, atingindo R$ 5,511 na venda. O dólar comercial era cotado a R$ 5,510 para compra e R$ 5,511 para venda. O contrato de dólar futuro mais líquido, com vencimento em janeiro, registrava uma ligeira queda de 0,05% na B3, aos R$ 5,525. Na sessão anterior, terça-feira (16), o dólar à vista já havia fechado em forte alta de 0,78%, a R$ 5,4640, impulsionado pelo fluxo de remessas de fim de ano e pela pesquisa eleitoral. O avanço desta quarta estendeu esse movimento, fazendo com que a moeda superasse o nível de R$ 5,5, um patamar não visto desde 14 de outubro. Em atualizações posteriores do dia, a cotação chegou a marcar R$ 5,520, com alta de 1,04%.
O Panorama das Commodities e os Mercados Irmãos
O mercado de commodities apresentou um comportamento misto, com destaque para o petróleo. O preço do barril subia mais de 2%, revertendo perdas da véspera. Esse movimento foi atribuído diretamente a uma ordem do presidente Donald Trump que impôs um bloqueio total a petroleiros sancionados na Venezuela, incluindo navios entrando e saindo do país. A medida aumentou as tensões geopolíticas no mercado global de energia, beneficiando a commodity. Esse cenário poderia, em tese, oferecer algum suporte ao real, uma moeda tradicionalmente sensível aos preços das commodities. No entanto, nesta sessão, a força avassaladora do dólar no plano internacional e a cautela interna falaram mais alto, ofuscando esse potencial efeito positivo.
Na Europa, os dados econômicos também pintavam um quadro de desaceleração. A inflação da Zona do Euro (CPI) ficou em 2,1% em novembro, repetindo outubro e ficando ligeiramente abaixo da projeção de 2,2%. Na Alemanha, o índice de sentimento das empresas, medido pelo Ifo, caiu para 87,6 pontos em dezembro, abaixo dos 88,1 de novembro e muito aquém da expectativa do mercado (89,9 pontos). Esse enfraquecimento do sentimento na maior economia da Europa adiciona cautela ao cenário econômico global, favorecendo movimentos defensivos em direção ao dólar.
Projeções e o Que Esperar dos Próximos Passos
Olhando para frente, o mercado continuará com seu foco no cenário político e inflação nos EUA. A publicação do CPI americano será o evento definidor para os próximos movimentos. As probabilidades precificadas pelo mercado norte-americano nesta manhã apontavam para 77,9% de chance de manutenção dos juros na faixa de 3,50% a 3,75% na reunião de janeiro do Fed, contra 22,1% de probabilidade de um corte de 25 pontos-base. No entanto, os mercados ainda precificam dois cortes de juros para o próximo ano, indicando uma expectativa mais agressiva do que o sinalizado pelo próprio Fed.
No Brasil, a agenda segue sendo pautada pela política fiscal – com a tramitação do projeto de redução de benefícios – e pelos ruídos políticos pré-eleitorais. Além disso, o Banco Central do Brasil realizou nesta quarta uma operação de oferta de swap cambial (rolagem de até 50 mil contratos, equivalentes a US$ 2,5 bilhões), uma ferramenta habitual para fornecer hedge e suavizar a volatilidade, mas que nesta sessão não foi suficiente para conter a maré alta do dólar. A continuação dos fluxos de saída típicos de final de ano deve manter um piso de pressão sobre o real nas próximas sessões.
Conclusão: Uma Confluência de Fatores de Pressão
A cotação do dólar frente ao real em 17 de dezembro de 2025 refletiu uma confluência poderosa de fatores de pressão. Internamente, a cautela do Copom, os fluxos cambiais de saída de fim de ano e o estresse político-eleitoral criaram um ambiente frágil para o real. Externamente, o dólar fortaleceu-se globalmente na expectativa do CPI dos EUA e de possíveis cortes de juros no Reino Unido, enquanto discursos de autoridades do Fed e do presidente Trump mantinham o mercado em alerta. A aprovação de medidas fiscais no Congresso e a alta do petróleo por razões geopolíticas completaram um quadro complexo. Romper a barreira dos R$ 5,50 não foi um evento isolado, mas o resultado sintomático de um momento em que incertezas globais e domésticas se alinham, demandando dos investidores atenção redobrada aos próximos capítulos desta história, que serão escritos com os dados de inflação norte-americanos e os desdobramentos políticos em ambos os lados do hemisfério.

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